Outro dia, conversava com um profissional de Compliance que sempre preferiu a abordagem tradicional – revisão manual de documentos, auditorias detalhadas e investigações conduzidas por especialistas. Mas ele reconheceu que a Inteligência Artificial (IA) está mudando o jogo. O uso de tecnologia no Compliance já não é tendência futura, e sim uma realidade.
A IA tem revolucionado a forma como as empresas identificam riscos, analisam contratos e monitoram atividades suspeitas. Ferramentas avançadas permitem auditorias em tempo real e uma atuação mais preventiva, reduzindo a carga operacional e aumentando a precisão das análises. O impacto? Uma gestão de riscos mais ágil e eficaz.
Apesar do entusiasmo, integrar IA aos processos de Compliance não é simples. Implementar tecnologia requer investimento, planejamento e, acima de tudo, mudança de mentalidade. Muitos profissionais ainda desconfiam da automação – e com razão. Como confiar plenamente em um sistema que pode interpretar dados de forma equivocada?
Além disso, há questões como vieses algorítmicos, falta de transparência e riscos regulatórios. Quem deve ter a palavra final: o algoritmo ou o profissional? A resposta é clara: a IA é um suporte, não uma substituta. Como me disse um gestor recentemente, “a IA é uma bússola, não um piloto automático”.
A tecnologia não veio para eliminar os profissionais de Compliance, mas para potencializar seu trabalho. Tarefas operacionais que antes levavam semanas agora podem ser resolvidas em dias ou até horas, permitindo que especialistas foquem em decisões estratégicas e na construção de uma cultura ética dentro das empresas.
Além disso, a IA já está sendo usada para criar treinamentos personalizados, monitorar tendências regulatórias e automatizar relatórios. Chatbots podem responder dúvidas sobre políticas internas, enquanto dashboards inteligentes tornam a gestão mais eficiente.
Mas será que todas as empresas estão preparadas para essa revolução? O desafio não está apenas na tecnologia, mas na adaptação das pessoas. Como equilibrar inovação e conformidade sem perder a análise humana?
A verdade é que a IA veio para ficar. As empresas que souberem usá-la estrategicamente terão uma vantagem competitiva inegável. E para os profissionais de Compliance, o caminho é claro: ao invés de resistir à mudança, é melhor aprender a navegar por ela. Afinal, a tecnologia é apenas uma ferramenta – quem dá o rumo certo ainda somos nós.
– – –
Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.