Os atributos de um bom profissional de governança corporativa

governança corporativa

Muitas coisas têm mudado no cenário corporativo recente. Mudanças foram aceleradas devido ao novo normal imposto durante a pandemia do Covid-19. Temas como inclusão e maior participação de pessoas negras, de mulheres, de LGBTQIA+ e de pessoas com deficiência estão sendo mais exigidos pela população e por órgãos reguladores.

O fato de muitas empresas terem colocado seus funcionários para trabalhar em home office trouxe, ainda, novas demandas, como uma atenção maior com a saúde mental das pessoas. O ESG entrou em pauta. Diante de tudo isso, um dos pontos que será tratado neste artigo é a Governança Corporativa e o novo perfil do profissional de governança.

Antes, é importante lembrarmos aqui do que exatamente se trata a governança corporativa, para que, a partir daí, possamos compreender quais as características que um profissional da área deve ter, atualmente, para melhor exercer seu trabalho.


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O que é governança corporativa?

Governança corporativa é um conjunto de melhores práticas para administrar uma empresa, envolvendo – tanto de forma direta quanto indireta – acionistas, diretoria e órgãos de fiscalização. Um dos motivos pelo qual esse assunto tem ganhado bastante destaque é porque serve para garantir aos investidores, sócios e demais partes boa gestão, transparência e eficiência.

Outra definição, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), é que as boas práticas convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando os interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da companhia, ou seja: trata-se de ações que fortalecem a empresa. Além disso, a governança corporativa possui quatro princípios:

  • Transparência: é o princípio que se refere à entrega frequente de informações aos acionistas, tanto de dados disponibilizados obrigatoriamente quanto de outros materiais de interesse direto aos envolvidos e que estejam relacionados à preservação dos valores da companhia;
  • Equidade: fala sobre o tratamento justo e isonômico de todas as partes dentro da empresa, independentemente de cargo, posição ou nível de participação;
  • Prestação de contas (accountability): é importante que os responsáveis prestem contas de forma clara, objetiva, concisa e compreensiva sobre toda a movimentação econômico-financeira. O princípio também envolve assumir a responsabilidade e as consequências de seus atos e omissões;
  • Responsabilidade corporativa: é sobre zelar pelo sistema e pelo ambiente em que a organização está inserida; consiste também em levar em consideração os capitais intelectual, financeiro, social, manufaturado, reputacional, humano, ambiental e social no curto, médio e longo prazos.

Ou seja, a governança garante que os interesses dos gestores sejam os mesmos dos donos da empresa, e ela também assegura que as estratégias e os processos estejam sendo seguidos corretamente. Assim, quanto maior o índice de governança corporativa, mais sólida a empresa tende a ser. Ademais, é necessário que a governança corporativa tenha alguns pilares para garantir que os princípios citados sejam aplicados, como:

  • Regras: consistem em estabelecer normas para estruturar a organização e limitar desvios de conduta dos administradores, com o objetivo de nortear as decisões;
  • Auditoria: essa prática é fundamental para verificar se as regras determinadas estão sendo cumpridas e para monitorar a atividade dos administradores;
  • Restrição de autonomia: refere-se a colocar limites para as ações dos administradores, definindo o que eles podem e não podem fazer.

A partir do momento que uma empresa aplica os princípios e as regras da governança corporativa de forma eficaz, ela poderá contar com alguns benefícios que a ajudarão não só a crescer, mas a garantir que tenham durabilidade no mercado. São eles:

  • Fortalece o compliance: se há políticas internas que são seguidas à risca, o fortalecimento do compliance se torna mais fácil, sendo que a conduta dos colaboradores, aliada à cultura organizacional, faz com que surjam menos problemas, diminuindo os riscos operacionais;
  • Atrai investidores: por cumprir com as leis e com os regulamentos, a chance de a empresa enfrentar ações judiciais ou multas diminui consideravelmente, o que confere segurança e atrai investidores, além de melhorar o relacionamento com o cliente (esse, cada vez mais consciente de melhores práticas);
  • Valoriza a imagem: um dos princípios da governança é a prestação de contas, fazendo com que a empresa se torne mais confiável para o público e, portanto, a imagem dela melhora;
  • Aumenta o valor de mercado: esse é o resultado dos benefícios anteriores. Uma empresa com boa reputação, credibilidade e imagem positiva, além de mais investidores e menos riscos, tanto o balanço financeiro quanto o valor da marca serão afetados de forma positiva.

Agora que já sabemos o que é governança corporativa, seus princípios, regras e benefícios, podemos falar quais características um profissional de governança atual deve ter para se adequar e conseguir, por consequência, adequar a empresa a um novo cenário.

Qual o perfil do profissional de governança atual?

A governança moderna envolve empoderar os conselhos de hoje em dia e os líderes, com tecnologia, insights e processos necessários para que as organizações se mantenham durante essa era digital que estamos vivendo com cada vez mais força. Assim, existem qualidades específicas que esse profissional deve ter para ser um bom representante da governança corporativa. São elas:

  • Visão sensível da governança corporativa: eles conseguem integrar as práticas da governança atual em suas práticas e, com isso, conseguem encontrar uma resposta mais rápida para eventos tais como uma abordagem proativa de estratégia corporativa. Eles também conseguem construir um Conselho diverso e vital que compartilha de uma ampla variedade de pontos de vista e assim, tem uma melhor atuação;
  • Habilidade em facilitar de discussões e debate: graças às fortes habilidades comunicacionais, esses profissionais facilitam discussões e debates, habilidades que surgem da experiência em lidar com diferentes tipos de personalidades e de esclarecer assuntos complexos;
  • Eficácia como conselheiros em gestão de riscos: a gestão de riscos é uma das responsabilidades mais importantes do Conselho, assim, o profissional que consegue manter o controle dos riscos é de grande serviço;
  • Ponte resistente entre a gerência e o Conselho: a parte mais desafiadora da governança corporativa é a de estruturar o relacionamento entre a Gerência e o Conselho. Uma definição clara precisa ser feita para seus papéis respectivos, o que faz com que a colaboração seja otimizada. Existe uma necessidade regular de julgar disputas sobre as responsabilidades e o desenvolvimento de estratégia. O profissional de governança deve exercer o papel de mediador e regulador, informando a administração sobre decisões estratégicas do Conselho e compartilhando as visões da administração com relação a operações com os diretores;
  • Arquitetar um Conselho diverso: um dos maiores desafios da governança atual é o de formar um Conselho diverso, composto por uma mistura de homens e de mulheres e de pessoas com os mais variados backgrounds e habilidades.

Agora que as características essenciais foram apresentadas, segue um exemplo da boa implantação de governança corporativa.

O hospital comandado por João Aguiar Filho[1]

João Costa de Aguiar Filho é o Diretor Jurídico de Governança e Planejamento da Santa Casa de Belo Horizonte, e conseguiu fazer não só com que o hospital se mantivesse durante a pandemia, como ainda conseguiu seguir na contramão da maioria ao colaborar com mais contratações: o quadro de funcionários cresceu 11,4%, com profissionais mais especializados e mais bem remunerados.

As conquistas da Santa Casa de Belo Horizonte só foram possíveis porque a governança vem sendo implantada desde 2003 e, na entrevista concedida por ele ao jornal Diário do Comércio, é perceptível que uma das qualidades que João Aguiar Filho tem e que colaboraram para o desenvolvimento e para a manutenção do hospital é a sua habilidade comunicacional, além dele conhecer a história da Santa Casa. Esses elementos fizeram dele um profissional de governança que soube respeitar os pilares da organização, ao mesmo tempo em que a adaptava para as novas e urgentes demandas. Com isso, a Santa Casa de BH ainda foi eleita como uma das 100 melhores ONGs do Brasil.

Conclusão

Ao se analisar o que é governança corporativa e o que é necessário para o profissional de governança atual, vemos que a palavra de ordem é ética. Ter atitudes éticas e valores sólidos são as bases para que uma boa governança possa ser implantada de forma eficaz em uma companhia. E essas práticas passam pelo compliance, tão falado em nossos artigos, e pela própria formação do profissional de governança. O background, a experiência, as crenças e os valores do profissional têm relação direta com a companhia na qual ele está porque é com base em tudo isso que ele irá fazer as melhores escolhas. E esse é um dos motivos pelo qual a capacidade de se abrir para outras visões e a diversidade são tão importantes nesse setor: quanto mais pessoas de diferentes backgrounds e experiências de vida ocuparem esse cargo, melhor para a empresa, que saberá como melhor conversar com seu público-alvo.


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[1] Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/negocios/governanca-em-saude-garante-sustentacao-de-negocios/. Acesso em 5 de maio de 2022.

Referências

EXPENSEON. O que é governança corporativa? Conheça os princípios e pilares para aplicar o conceito. ExpenseOn, 5 de agosto de 2021. Disponível em: https://expenseon.com/gestao-de-despesas/governanca-corporativa/#:~:text=%C3%89%20um%20sistema%20pelo%20qual,claro%2C%20de%20outras%20partes%20interessadas. Acesso em 2 de maio de 2022.

MACIEL, Daniela. Governança em saúde garante sustentação de negócios. Diário do Comércio, 3 de maio de 2022. Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/negocios/governanca-em-saude-garante-sustentacao-de-negocios/. Acesso em 5 de maio de 2022.

RATHOD, Lakshna. 5 Essential Qualities of Modern Governance Leaders. Diligent, 17 de setembro de 2019. Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/negocios/governanca-em-saude-garante-sustentacao-de-negocios/. Acesso em 2 de maio de 2022.

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