A situação do Brasil no cenário internacional apresenta uma deterioração significativa nos indicadores de integridade. De acordo com o mais recente Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado pela Transparência Internacional, o país obteve 34 pontos – sua pior pontuação desde 2012, ocupando a 107ª posição entre 180 nações avaliadas.
Para dimensionar este declínio, é importante uma análise comparativa: há uma década, o Brasil equiparava-se a países europeus como Itália, Grécia, Bulgária e Romênia. Atualmente, encontra-se no mesmo patamar de nações como Argélia, Nepal, Tailândia e Turquia, evidenciando uma queda de 38 posições no ranking global.
Em perspectiva regional, o desempenho brasileiro mostra-se ainda mais preocupante. Países latino-americanos como Uruguai (76 pontos), Chile (63 pontos) e Costa Rica (58 pontos) mantêm posições significativamente superiores. O Brasil encontra-se próximo à Argentina (37 pontos), mas acima de nações como Peru (31 pontos), Equador (32 pontos) e Bolívia (28 pontos).
Esta trajetória descendente reflete deficiências estruturais graves:
- Retrocesso nas políticas anticorrupção;
- Fragilização dos mecanismos de controle e transparência;
- Deterioração da percepção internacional sobre a integridade do setor público brasileiro.
Por sua vez, a Controladoria-Geral da União (CGU) manifestou-se sobre o declínio no ranking, sugerindo cautela na interpretação dos dados e ressaltando limitações metodológicas de índices baseados em percepção, complexidade do fenômeno da corrupção e necessidade de múltiplos indicadores para avaliação completa.
De toda forma, a trajetória do Brasil no combate à corrupção apresenta um declínio alarmante e sistemático. O desmonte progressivo dos mecanismos de controle, associado à fragilização das instituições fiscalizadoras e à crescente tolerância com práticas irregulares, configura um cenário de deterioração institucional sem precedentes.
A ausência de medidas corretivas efetivas e o enfraquecimento das políticas de transparência sugerem que o país continua em uma perigosa espiral descendente, comprometendo não apenas sua posição internacional mas, fundamentalmente, a integridade de seu sistema democrático e a eficiência de sua gestão pública.
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Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners (conheça melhor aqui), reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas (saiba mais), conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção (saiba mais), antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios (saiba mais), entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.