Na economia pós-moderna, fusões e aquisições entre empresas são comuns no mercado em busca de expansão. Nesse processo, além das questões jurídica, financeira e operacional, há o lado ético para com as partes interessadas, principalmente os funcionários. Uma operação desse nível impacta diretamente a cultura da empresa resultante e, assim, a ética e a integridade devem ser levadas em conta.
Uma questão delicada é a transparência na comunicação, afinal, momentos de fusão e aquisição geram muitas incertezas. É importante deixar todas as partes interessadas bem-informadas e sabendo os impactos em suas vidas de maneira clara e honesta.
Sabemos que nem tudo são flores nesses momentos de grandes mudanças, e é comum ter que reduzir o quadro de funcionários. São pessoas que dependem da empresa para sustentar suas famílias e continuar suas carreiras. Por isso, respeito aos funcionários é fundamental. É a etapa complexa do desligamento ético, apoiando os funcionários afetados e não deixando que o clima organizacional seja muito impactado.
Outro ponto importante é a combinação de culturas empresariais. Mesmo no caso de aquisições, uma cultura não pode ser suprimida totalmente, sempre há o que aproveitar. É necessário saber explorar o melhor dos dois mundos, de forma que todos se identifiquem e se comprometam com a nova cultura.
Nenhuma parte interessada pode ficar desamparada nesse momento de mudança. Cada uma ao seu modo, com seus direitos e deveres, têm expectativas em relação ao processo, e dependem dele para suas operações. Assim, a responsabilidade para com os stakeholders é fundamental, com comunicação assertiva e cumprimento de acordos.
Uma atenção especial deve ser dada aos conflitos de interesses que podem surgir, seja com as equipes das empresas, seja dentro da própria equipe. É comum que acionistas discordem, gerentes tenham visões diferentes, líderes em geral prefiram rumos excludentes. Esses conflitos devem ser mediados e resolvidos o mais breve possível para que não haja maiores impactos na organização resultante.
Vê-se que fusões e aquisições não são apenas a confluência de estratégias e CNPJs, mas oportunidades de crescimento para empresas e suas equipes. Nessa hora, a ética e a integridade são fundamentais para evitar maiores turbulências e tornar o momento benéfico para o maior número possível de pessoas. Empresas que conseguem isso tendem a alcançar resultados mais sustentáveis e positivos para todos.
Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.